sábado, 13 de março de 2010

Parábola do Cágado Velho

A Parábola do Cágado Velho é um romance escrito por Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos, conhecido pelo pseudónimo Pepetela.

Nesta obra o escritor angolano mostra-nos a guerra através dos olhos de um camponês, Ulume (homem em Umbundu), que se apaixona pela jovem Munakazi (Mulher em Mubunda), numa Angola que permite a poligamia para os homens, e vai desejá-la para sua segunda mulher.

Ulume vive uma vida tranquila com a sua primeira mulher Muari, até o dia em que os seus filhos vão para a guerra, alistados em exércitos inimigos. A partir dessa altura o Kimbo de Ulumbe e Muari vai ser constantemente atacado por exércitos que reclamam comida e acabam com as provisões dos aldeões, entregando-os à penúria e à miséria.
A guerra trava-se entre "os nossos" e os "inimigos" mas os camponeses acabam por não entender quem são os "nossos" e quem são os "inimigos". Apenas sabe que qualquer homem com arma que chegue a um Kimbo traz com ele a fome a morte.

Parábala do Cágado Velho retracta os costumes angolanos em choque com a modernidade, em choque com as novas ideias e práticas que assolaram o país. Retracta a guerra e a dor que ela traz.

O cágado velho é o símbolo da sabedoria dos antepassados, da natureza e da necessidade da reflexão. Ulumbe desde novo que tem o hábito de visitar o cágado e de contemplar a natureza.

"Kanda indicou uma poltrona e sentou na outra. Ulume passou a mão pela cadeira, hesitando se havia de imitar o filho ou se sentava no chão. Nunca vira um banco daqueles, não podia ser confortável. Mas vergou-se ao sorriso convidativo de Kanda que era gentil e não de gozo. Sentou , continuando a passar a mão pelo cabedal da poltrona. Até era confortável, se admirou."

In Parábola do Cágado Velho, Pepetela

Daniela Teixeira

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