segunda-feira, 29 de março de 2010

Alice no (regresso ao) País das Maravilhas

Com cerca de 130 mil espectadores nos primeiros 4 dias de exibição, Alice no País das Maravilhas promete ser um sucesso. A aposta da Disney na nova versão da história é uma viagem pelo mundo do impossível, com o sabor inconfundível da imaginação do realizador Tim Burton.

Desta vez a história é-nos familiar e as personagens fazem parte do nosso imaginário infantil. Mas o novo filme de Tim Burton, baseado no clássico
escrito por Lewis Carroll e tornado famoso pela Disney, não é apenas mais uma versão da história. De facto, existe a tentativa de acrescentar e desenvolver o conto com que crescemos, embora nem sempre o alcance.

Aos 19 anos de idade, Alice regressa ao estranho mundo que encontrou pela primeira vez quando era criança reunindo-se com os seus amigos de infância: o Coelho Branco, Tweedledee e Tweedledum, a Ratazana, a Lagarta, o Gato Cheshire, e claro, o Chapeleiro Louco. Quase sem dar por isso embarca numa viagem fantástica para encontrar o seu verdadeiro destino e acabar com o reino de terror da Rainha Vermelha.

Interpretada por Mia Wasikowska, a Alice do filme está no limite da adolescência, naquele período em que acreditar nos sonhos deixa de ser ingenuidade para se transformar em loucura. A actriz australiana consegue transmitir-nos essa maturidade, aliada a um transtorno permanente, e fazer uma Alice realmente crescida e incrédula. Mas falta alguma expressão ao longo do filme, alguma emoção que nos prenda à jornada que Alice inicia. O mesmo não se pode dizer da prestação de Johnny Depp, o Chapeleiro Louco, que consegue ser muito mais que uma caracterização fantástica: consegue fazer-nos sentir. Sentimos a sua história, as suas memórias, a dedicação pela Rainha Branca, a fé na Alice… e, a certo ponto, até a nós nos custa vê-lo sem o seu chapéu. A sua performance rouba o estatuto de personagem principal à própria Alice e entra directamente nos principais trunfos do filme.

Um outro ponto super positivo é a imagem. A cenografia do filme é deslumbrante, se bem que “à maneira” de Tim Burton. Há cenas cruas e um tanto ou quanto excêntricas, mas a magia continua sempre preservada. A imaginação não tem limites e todos os pormenores foram cuidados, desde as árvores aos rostos das flores - tudo tem o dedo do realizador.

No final o filme perde pelo argumento nem sempre ser suficientemente forte e eficaz. Ainda assim a viagem ao mundo das maravilhas vale a pena, nem que seja para sabermos que existem outros loucos como nós que acreditam num país perfeitamente impossível, mas que de alguma forma nos é familiar. Na memória ficam ainda as imagens deliciosas e uma das melhores frases do filme:



“The Mad Hatter: Have I gone mad?
[Alice checks Hatter's temperature]
Alice Kingsley: I'm afraid so. You're entirely bonkers.
But I'll tell you a secret. All the best people are.”
Cláudia Batista

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